Clave — The Korean Institute

━━━O dia havia amanhecido frio, o que não era nenhuma novidade julgando a época do ano em que se encontravam. Andrew encarava a habitual pilha de papéis na escrivaninha, sem nenhuma vontade de diminuí-la, apenas fazê-la sumir de uma vez, provavelmente usando o fogo de seu isqueiro.

━━━Sentado na cadeira, bufou, jogando o corpo para trás e fechando os olhos. O relatório era sempre a parte mais chata de todo o trabalho, e era obrigado a fazer. Toda aquela rotina estava ficando tediosa e estressante.

━━━Abriu os olhos novamente apenas para constar que nenhuma mágica havia acontecido e os papéis continuavam ali, esperando serem preenchidos. No fim, foi o que fez; terminou o relatório da patrulha com prioridade que, mesmo feito com os cotovelos, ficou aceitável. ━━ Se ele não gostar? Isso mesmo, querida. Pau no cu dele porque eu não vou refazer absolutamente nada. ━━ Falou baixinho, como se estivesse conversando com uma de suas tarântulas e esta, em sua cabeça, claramente concordaria com ele.

━━━Se levantou, tomou um banho quente e vestiu uma roupa apropriada para o clima. Enquanto amarrava suas botas, olhou para a escrivaninha e lembrou-se que teria que entregar aqueles papéis do relatório para o responsável pelo instituto. Droga - pensou. Pegou todos os papéis de qualquer jeito e saiu do quarto, deixando a porta bater sem nem se dar o trabalho de trancá-la.

━━━Passou pela cozinha antes de rumar ao escritório, pegando um café para suportar o resto do dia.

━━━Já no meio do caminho, enquanto contava as folhas para ter certeza que não esqueceu nenhuma no quarto, sentiu seu corpo trombar com algo. A violência do impacto foi tanta que tudo foi ao chão; o relatório, o café e ele mesmo.

━━━Ia abrir a boca para xingar o indivíduo, quando percebeu se tratar de Kyungmin. Constatar isso o deixou com ainda mais vontade de xingar, mas ouviu um miado que o fez calar-se antes de soltar algumas palavras feias. ━━ Não vou te xingar na frente do gato. Mas você não presta atenção em onde cai, não? ━━ A voz soou firme, mesmo que um pouco reprimida por não ter dito exatamente o que queria. Levantou-se depressa depois de ter pego os papéis do chão, já dando por perdido o café. O líquido havia respingado nos papéis, assim como também em sua roupa. ━━ Mas que caralho. ━━ Reclamou, tentando limpar um pouco de sua jaqueta com as mangas, esfregando. O máximo que conseguiu foi sujar ainda mais.

━━━Sua expressão passava claramente o quão irritado estava. Olhou para Kyungmin, de cenho franzido. ━━ Eu devia te fazer limpar isso aqui. ━━ Continuou reclamando, até desistir de estragar a própria roupa. ━━ Mesmo com os óculos você não enxergar o seu caminho é para acabar mesmo. O que esperar de alguém que quase foi morto por uma baratinha demoníaca, tsc. Aliás, bom dia para você. Dormiu bem? ━━ Cruzou os braços.

"Claro que não me importo." —— O consentimento de Jisung o fizera exprimir mais um dos sorrisos bobos que só parecia ser capaz de exibir quando estava com ele. Tentou concentrar-se ao máximo nos papéis à sua frente, volta e meia sentindo o olhar do mais velho sobre si, fazendo-o desviar as íris da escrita. Jihoon mordia o lábio inferior, controlando-se para não emitir o mesmo sorriso de antes toda vez que isso acontecia, embora não pudesse controlar a sensação no estômago. Urgh, parecia um adolescente.

Mesmo com toda a distração — vulgo Jisung —, Jihoon conseguira adiantar boa parte daqueles relatórios, entretanto o suspiro de sua companhia o fez cessar tudo que estivesse fazendo e observá-lo. Jisung fechou os olhos por um instante, o qual fez Jihoon controlar a imensa vontade de tomar-lhe os lábios de maneira desprevenida. O pensamento fizera o caçador desviar o olhar do mais velho, sendo pego de surpresa quando o mesmo lhe dirigiu a palavra. Recompondo-se da forma que conseguia, Jihoon acenou positivamente. —— Que tal eu tentar cozinhar algo dessa vez? —— Sugeriu.

—— O dia de Myung começou cedo, logo pela manhã realizou seus exercícios físicos diários como de praxe, seguido de um bom banho quente para relaxar o corpo. Ao voltar para o seu quarto, o caçador reparou algo na sua mesa: uma mensagem de fogo de seu amigo Jun o convidando para uma festa em seu apartamento. Empolgado com o convite, caminhou pelo instituto a procura de pessoas que poderiam se interessar pela a festa até encontrar Minsu. Após contá-la, se dirigiu ao campo de treinamento pois queria que o tempo passasse rápido e nada distrai mais a sua mente do que treinar com espadas. O dia passou num piscar de olhos e Myung sequer reparou. Correu para o seu quarto, separou as roupas que usaria para a festa e foi tomar banho. Caprichou no banho, arrumou o cabelo, passou perfume, tudo no maior cuidado pois não aceitaria nada menor do que a perfeição para a ocasião. Quando terminou de se arrumar, Myung achou outra mensagem de Jun reclamando de seu atraso e pedindo ajuda. Conhecendo seu amigo, o caçador ignorou o pedido pois sabia que era uma de suas brincadeiras porém se apressou para sair do instituto.
Antes de sair, procurou Minsu novamente para oferecer uma carona até a festa porém não a encontrou em lugar algum, ao julgar pelo seu atraso, o caçador julgou que ela já foi para a festa sem ele, então acelerou o passo para a garagem, entrou em seu carro e partiu em direção ao apartamento de Jun. Myung dirigiu o mais rápido possível dentro do limite de segurança e em pouco tempo chegou no lugar da festa. Procurou um lugar para estacionar, o que levou mais alguns minutos, e assim que entrou no prédio, ouviu uma voz familiar: "Sr. Kim Myung, está atrasado para a festa… Como sempre.", Myung olhou para a direção de onde vem a voz e viu que quem falou foi o porteiro do prédio, que o reconheceu já que o caçador se encontra com o feiticeiro com certa frequência, deu de ombros e retrucou enquanto apontava para si e sorria: "A pressa é inimiga da perfeição.". O porteiro riu enquanto sinalizava a passagem e Myung seguiu, pegou o elevador e chegou na porta do apartamento. Puxou seu celular antes de entrar para verificar o estado do seu cabelo, arrumou sua roupa, respirou fundo para acalmar e por fim, bateu na porta, ansioso para encontrar Jun. ——

⠀⠀⠀⠀⠀Mesmo em meio ao alto som da música e das conversas de seus convidados, Jun conseguiu captar novas batidas em sua porta. —— Com licença. —— Disse aos dois nephilims com quem continuava na tentativa de socializar. Tentando conter-se o máximo para não exibir um sorriso pretensioso, o feiticeiro levantou e deu de costas em direção à entrada do apartamento, e sem nem tocar a maçaneta abriu a porta. Como já suspeitava mentalmente, seu convidado de honra estava ali.

⠀⠀⠀⠀⠀Jun observou o nephilim de baixo a cima, sorrindo de canto ao mesmo quando seus olhos encontraram os dele. —— Querido Yung, vamos... entre. —— Disse, chamando-o pelo apelido enquanto o corpo abria passagem e a mão indicava que o mesmo deveria entrar. Quando este assim o fez, Jun fechou a porta da mesma maneira que havia aberto. O feiticeiro começou a caminhar ao lado de Myung, guiando-o até seus companheiros caçadores. —— Não precisava tocar a campainha... se me lembro bem você tem as chaves do meu apartamento, não? —— Riu. Ambos, Jun e Myung estavam em frente aos outros caçadores naquele momento, e com tal questionamento propositalmente feito naquele momento Jun gostaria muito de saber como Myung reagiria.